Doenças Somáticas
Angela Carero

Angela Carero

Psicóloga - CRP 06/34037-4
Facebook
WhatsApp

Doenças Somáticas

Quando pensamos em doença psicossomática, normalmente pensamos que se trata de alguma doença originária de algum trauma psicológico ou de um estresse vivido.

Dificilmente pensamos que um determinado tipo de câncer, doenças do sistema imunológico, como: rinite, sinusite, tireoidite, ou enxaqueca, dores musculares crônicas, problemas de infertilidade etc, estão diretamente correlacionadas com problemas emocionais.

Sempre pensamos que doenças emocionais são a: depressão, hipocondria, as manias, os distúrbios compulsivos e/ou obsessivos, a histeria, os distúrbios psicóticos, as esquizofrenias, etc. Mas é raro atentar para o fato de que determinados comportamentos “aceitáveis”, como: sempre cair e machucar-se, acidentar-se de carro, viver derrubando coisas, atrasando-se para compromissos, nunca terminar ao que se propôs fazer e muito mais, possa ser de fundo emocional.

Acontece que na verdade, nada acontece por acaso. Nossa mente não se desliga do nosso corpo, nem por um segundo, estamos sempre conectados com conteúdos internos e na sua grande maioria inconscientes. O que nos faz analisar caso a caso, o porque as pessoas desenvolvem doenças, aliás, esta afirmação fica ainda mais questionável, porque os indivíduos não aceitam que fizeram determinada doença, que são responsáveis por ela.

Acontece que as doenças e alguns comportamentos indesejáveis (como, por exemplo: os tiques-nervosos), são produzidos sim pelo indivíduo. É um sinal do corpo de que algo não vai bem. Especialmente as doenças que nos atrapalham, nos impedem ou até nos imobilizam totalmente, são doenças de alerta máximo, para que possamos refletir e analisar o que de errado nos está acontecendo emocionalmente.

Todos temos sistemas de defesa, alguns conscientes, muitos outros inconscientes, para justificarmos nossos comportamentos, nossas relações interpessoais, nossas adaptações ás situações do cotidiano, enfim, buscamos sempre nos contextuar a determinadas situações que nos fazem sofrer emocionalmente, e muitas vezes, nem percebemos que estamos sofrendo.Às vezes até percebemos um desconforto físico ou emocional, mas não paramos para questionar o que está havendo. Pessoas felizes, com seu trabalho, família, estudo, sexo, relações interpessoais, religião, hobby, etc., não adoecem facilmente. Pessoas realizadas ou em busca da realização com convicção, são pessoas que não precisam do “sistema de alerta do corpo”: a doença.

Não é sem razão que muitos idosos, que tiveram uma vida cheia de agradáveis realizações, vivem com qualidade de vida e disposição, e até mais que muitos jovens.

A doença é um sinal do nosso corpo, um alerta, veemente, de que precisamos mudar alguma coisa no roteiro de nossa vida.

A vida é muito curta para sermos mesquinhos, assim como é muito preciosa para aprendermos a valoriza-la. Muitas pessoas adoecem para mobilizar os outros, de forma inconsciente, um indivíduo acamado ou com uma doença grave, mobiliza muita gente, até mesmo muda o roteiro da vida do outro.

A doença é um caminho muitas vezes inconsciente para “conquistar” algo ou alguém, e quase sempre frustrado o doente arrisca e muitas vezes perde a vida.

Em nosso Sistema de Saúde, contamos hoje com poucos médicos que tem a consciência de advertir, alertar e orientar seu paciente que sua doença precisa de maiores cuidados.E que determinados exames e medicações, quase sempre caros e que causam efeitos colaterais, é só ler a bula (os médicos desaconselham ler as bulas, porque sabem que o paciente pode desenvolver algum sintoma descrito como colateral – dizem que o paciente pode ficar sugestionado), são na verdade paliativos, pode-se livrar de um sintoma temporariamente, até mesmo de uma doença, mas outra aparecerá ou haverá recorrência da mesma.

Poucos indicam para uma avaliação psicológica, para fazer um trabalho concomitante com o medicamentoso. Por isso os consultórios médicos vivem cheios de gente, na sua grande maioria angustiada.Temos que contar também, que ainda tem muita gente que acredita que psicoterapia é coisa pra louco. Desta forma os pacientes encaminhados para uma psicoterapia, acreditam não estarem sendo levados a sério pelo seu médico, ou que o médico o julga “um louco”.Alguns médicos sentem dificuldade em indicar psicoterapia, porque a cultura atual, ainda é preconceituosa em relação a este assunto.

Se a saúde emocional for levada a sério, tanto pelo paciente, como pelo médico, muitos gastos poderiam ser evitados assim como muito sofrimento, tanto para o paciente, como para seus familiares e pessoas próximas. A psicoterapia pode prevenir muitas doenças, mas não se deve também deixar de ter uma opinião médica a respeito do doente.

Então podemos concluir que mente sã, corpo são, é a mais pura verdade, assim nunca se separa a mente do corpo, nem o corpo e mente da alma. É preciso estar atento para uma abordagem mais completa.Quando se trata de uma pessoa doente, ou não, um indivíduo deve sempre ser visto como um todo, não em partes. Quando nos queixamos de alguma doença dizemos que estamos doentes, por exemplo: “eu tive um infarto” e não “meu coração infartou-se”. Uma pessoa bem equilibrada emocionalmente, de bem com Deus, não adoece.

O estudo da psicossomática envolve conhecimento em clínica geral e algumas cadeiras médicas específicas.É necessário ter um vasto conhecimento em psicologia e religiões também. A cadeira de Homeopatia, caminha por este pensamento: ver o indivíduo como um todo, um ser bio-psico-social que tem uma história de vida e uma alma, mas só o tratamento homeopático não resolve; não é difícil hoje, encontrarmos grandes nomes da homeopatia, que trabalham em concomitância com psicólogos.

Mas infelizmente, com a necessidade econômica de nossa sociedade precisar dos convênios médicos, acabamos nos deparando com o pouco tempo que o médico pode disponibilizar para seus pacientes. Existem muitas queixas do tipo: “o médico nem olhou para minha cara, e aviou a receita”.Fica menos mal quando pelo menos é pedido um exame clínico e ou laboratorial, já que “não houve tempo disponível para um exame clínico descente. Concordamos que a “clínica é soberana”, desde que se faça uma boa avaliação clínica. É neste momento em que o médico pode colher dados sobre as queixas do paciente (fazer uma anamnese) e, ouvindo-o poderá concluir que pode ser uma indicação para uma avaliação psicológica, ou mais precisamente psicossomática.Um dia chegaremos lá, onde a saúde é tratada com amor e respeito.

Existe ainda um fator que devemos atentar, que é a procura cada vez maior por curas mágicas: em centros espíritas, com xamãs, curandeiros em geral,”remédios milagrosos”, curas esotéricas , terapias alternativas, etc. É fato que a fé move montanhas, mas até a fé que precisamos para nos transformar e promover a cura tem que ser descoberta dentro de nós.

Quando o doente está fazendo uma psicoterapia, busca-se sempre a congruência entre o pensar, sentir e fazer, também igualmente o que não pensar, não sentir e não fazer, se caminharmos nesta direção, encontraremos a necessidade do “religare”, ou seja, da busca da fé em Deus. Não um Deus distante, lá no céu, um Deus aqui dentro de nós, que promove o verdadeiro milagre da cura.

Esta é uma luta de todos nós, pacientes, médicos e psicólogos.

Um caso clássico de doença psicossomática, e de grande incidência, a pesar de contarmos com o fator de hereditariedade, é o câncer de mama. Pense bem, uma mulher que se casa, tem filhos e passa a cuidar da casa, do marido e sua carreira, dos filhos e seus estudos, preocupada com a sobrevivência, bem estar, conforto e entretenimento de todos, abdica de sua própria vida, seus sonhos de realização pessoal, de estar inserida no mundo como alguém que produz algo para si com a satisfação intrapessoal.

Abdicar-se de si para cuidar das realizações dos outros, sem nunca se questionar o que ela poderia estar realizando para si, é muita doação. Esta doação descomedida que pode causar uma inquietação, revolta e tristeza profunda, quase sempre tão profunda que nem se quer permite-se queixar, ou quando o faz é com muita amargura e sem eficácia, sem potência. Apenas lamenta-se como se fosse uma grande vítima da circunstância.

Uma grande “saída para este problema” é desenvolver um câncer de mama, assim terá a atenção do marido e filhos e até mesmo de seu médico ginecologista. É uma mobilização geral, uma forma de assegurar-se de que sua vida de abdicação valeu a pena. O que acontece geralmente, é que esta mulher não parou para examinar-se (como muito se fala na prevenção com o auto-exame), perdeu muito tempo (com os outros – os culpados) e aí o caso pode ser tão grave, que causou metástases pelo corpo todo, ou ossos (sistema de sustentação do corpo) e a ajuda médica pode estar aquém de sua necessidade para curar-se.

Neste momento verifica-se na família um processo de culpabilidade, desta forma a paciente redimi-se de sua própria culpa\responsabilidade, passa por todos os processos de perda, frustração, descrédito a Deus, revolta e enfim a aceitação, momento em que vai perdoando um a um, como se realmente alguém pudesse ser responsável por sua vida e felicidade.

Curar-se significa livrar-se do mal, isto implica em aceitar o bem, abandonar as culpas e transformar o desejo de felicidade em atos de coragem.