A família do paciente
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Angela Carero

Psicóloga - CRP 06/34037-4
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A família do paciente

Todos nós nascemos príncipes e princesas, mas às vezes nossa infância nos transforma em sapos.

Eric Berne – Acomodados

 

Análise Transacional (AT) é uma teoria da personalidade criada pelo Dr. Eric Berne no final da década de 50. De acordo com a definição da International Transactional Analysis Association (ITAA): “A Análise Transacional é uma teoria da personalidade e uma psicoterapia sistemática para o crescimento e a mudança pessoal”. É também uma filosofia de vida, uma teoria da Psicologia individual e social. Possui um conjunto de técnicas de mudança positiva que possibilita uma tomada de posição quanto ao ser humano.

Atualmente, a AT tem evoluído e se desenvolvido através das diversas contribuições teóricas e práticas de muitos autores seguidores de Berne e conta também com uma difusão e aplicação em nível mundial.

O termo transacional deveu-se ao interesse que Berne tinha pelo que ocorria entre as pessoas. Daí o estudo, a análise, as trocas de estímulos e as respostas (transações) entre os indivíduos serem a ênfase dada por Berne ao iniciar as suas pesquisas e observações que culminaram na criação da Análise Transacional (AT).

Além de ter se ocupado primordialmente com o que ocorre entre os indivíduos, Berne contribuiu ainda com excelente modelo de estudo do que ocorre no interior do indivíduo. Berne dizia: “todos nós nascemos príncipes e princesas, mas às vezes nossa infância nos transforma em sapos”. É uma filosofia positiva e de confiança no ser humano: todos nós nascemos bem (“OK”), com capacidade plena para obter sucesso e satisfação de nossas necessidades. A única exceção é quando o indivíduo sofre alguma afecção orgânica grave.

A AT é um modelo de aprendizagem, que veio em substituição ao velho modelo da “enfermidade mental”. Berne detestava usar termos médicos complicados, por isso passou a usar uma linguagem fácil, do cotidiano, de tal modo que todos o entendiam. A naturalidade da AT fundamenta-se nas necessidades básicas do ser humano: biológicas, psicológicas e sociais.

Berne buscou formular a sua teoria a partir do que via e ouvia, através do que diziam e faziam os seus clientes. Ele era muito observador da conduta humana, não era adepto de teorias que não pudessem ser demonstradas e colocadas em prática.

A teoria da AT, em quase a sua totalidade, pode ser representada mediante gráficos simples, tais como círculos, triângulos, vetores, quadrados, etc., permitindo, assim, o seu aprendizado através dos conceitos abstratos e, além disso, fornece excelente possibilidade de aprendizado através do canal visual.

A teoria da AT está estruturada através de 10 instrumentos, que aliados ao conhecimento da história pessoal do indivíduo, aos sinais de comportamentos observados e da intuição, permite predizer, com um grau de acerto espantoso, o que acontecerá ao indivíduo, caso ele continue com o seu programa interno.

Esse grau de acerto elevado, tanto se verifica no nível individual quanto em grupos e em organizações, facilitando, assim, a prevenção de comportamentos destrutivos e perigosos, possibilitando uma atuação precisa e potente para que não haja uma concretização de tais predições. Isto possibilita uma atuação preventiva tanto por parte do profissional como por parte do cliente, pois em virtude de sua simplicidade permite a compreensão do comportamento próprio e alheio, sem a necessidade de dispêndio de muito tempo e dinheiro para consolidar um diagnóstico preciso, demonstrando desse modo a sua eficácia.

Outro aspecto que considero de muita importância na AT é o fato de sua teoria ser de fácil assimilação, inclusive para os leigos. Uma criança de 8 a 10 anos de idade assimila perfeitamente os seus conceitos. A AT é também de fácil integração com outras teorias psicológicas tais como a Gestalt Terapia, que trabalha com as emoções, as sensações, os diálogos com partes de si mesmo; e ainda pode ser aliada a técnicas corporais, Hipnose, Psicodrama, Biodança, etc., ou seja, é fácil traduzir essas e outras teorias para o modelo transacional. Em outras palavras, como diz R. Kertész descrevendo a facilidade de entendimento da AT: “creio que é o melhor idioma psicológico, porque todos o entendem”.

Berne dizia que: “se um observador entra num grupo de terapia transacional, talvez leve algum tempo para distinguir quem seja o terapeuta já que ele não se veste de maneira diferente, age de modo natural e usa o mesmo idioma que os integrantes”. Isso enfatiza a sua filosofia igualitária: ninguém é melhor do que ninguém, apenas alguns possuem maiores talentos do que outros, em algum aspecto.

Outra característica da AT é o trabalho contratual. O contrato é um acordo bilateral entre o terapeuta e o cliente, que tem por finalidade alcançar os objetivos propostos. O cliente enumera as mudanças que deseja alcançar e o terapeuta aceita trabalhar com ele facilitando-o atingir as mudanças desejadas.

O objetivo último da AT é levar o indivíduo a alcançar a Autonomia de Vida. Entende-se por Ser Autônomo o indivíduo que tem o controle de sua própria vida, aceita a responsabilidade de seus próprios sentimentos, pensamentos e comportamentos, além de abdicar-se de padrões inadequados para viver no aqui-e-agora. Tudo isso pode ser obtido através da recuperação de três capacidades: consciência, espontaneidade e intimidade. Essas três capacidades são inatas no ser humano, entretanto algumas vezes ficam limitadas devido a situações estressantes ou traumáticas que sofremos em nossa infância